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quarta-feira, 5 de junho de 2019

Hospede-se e aproveite e Passe as férias em uma obra de arte

Hotel Marques de Riscal - Elciego, Espanha


Videira de titânio e aço brota na região de La Rioja

Implantado no coração da região vinícola de La Rioja, o novo complexo da adega Marqués de Riscal, no povoado de Elciego, em Álava, é o terceiro projeto de Frank Gehry na Espanha, depois do peixe na Vila Olímpica de Barcelona e do famoso Museu Guggenheim de Bilbao, situado a apenas 110 quilômetros. Fundada em 1860, a Marqués de Riscal é a mais antiga e tradicional vinicultora do local, onde sempre se destacou por seu caráter pioneiro e inovador.

Em 1998, o desejo de apostar na inovação levou a Marqués de Riscal a idealizar um edifício-sede que combinasse, em um mesmo espaço, atividades de produção e de lazer. A idéia evoluiu para a criação de uma Cidade do Vinho , cujo objetivo seria divulgar a história, a cultura e a filosofia vinícolas. De fato deu certo: dados recentes mostram que o turismo na região aumentou 68%. Além de toda a estrutura necessária ao funcionamento de uma grande adega, o complexo reuniria um spa de vinhoterapia, museu, centro de pesquisas e de formação enológica, além de um hotel de luxo.

O projeto de arquitetura, necessariamente de vanguarda , foi solicitado a Frank Gehry, que havia criado para Bilbao, com grande sucesso, a sede européia do Museu Guggenheim. O arquiteto impôs como condição para aceitar o encargo uma visita ao local. Alguns meses depois, passou um final de semana em Elciego, conhecendo as pessoas, degustando os vinhos, e já discutindo o programa de necessidades. Entusiasmado com o trabalho, quis homenagear a região, fazendo o edifício “surgir da terra como uma videira” . Ao apresentar o projeto à comunidade de Elciego, confessou: “Quis desenhar algo excitante, festivo, pois vinho é prazer”. E assegurou: “Não se trata de uma versão reduzida do Guggenheim, mas de uma evolução de estilo . Talvez esta seja a minha obra mais representativa neste século”.

No desenvolvimento do projeto, Gehry manteve sua fidelidade ao discurso de romper com as formas, sem descuidar das peculiaridades que definem sua obra: funcionalidade, implantação meticulosa , uso racional da luz natural, vinculação harmônica entre construção e usuário, experimentação de materiais . A grande novidade é que suas poderosas estruturas já não ficam encobertas: adquirem visibilidade, como a evidenciar a arquitetura do caos que é possível no interior.

A solução estrutural do edifício resulta de uma combinação de aço, concreto armado e sistemas de concreto protendido. O primeiro foi usado, principalmente, na estrutura que suporta as placas de titânio e aço inoxidável, enquanto o concreto está presente em toda a estrutura principal. As três enormes colunas de concreto que abrigam escadas e elevadores, únicos pilares do edifício, não só levam as cargas verticais às fundações, como conferem estabilidade lateral e resistência de todas as cargas horizontais. No primeiro andar, um sistema de protensão em forma de tabuleiro foi introduzido no sentido transversal, como reforço estrutural. Essa viga recolhe as cargas dos demais pavimentos.

Embora as placas metálicas da fachada não apresentassem carga muito grande, suas formas complexas poderiam sofrer o efeito vela , com a concentração do vento em determinadas zonas. Essas cargas foram transferidas para a estrutura principal através de perfis de aço, ancorados em alguns pavimentos ou diretamente no terreno. As vigas metálicas curvas e contínuas podem redistribuir as cargas através da estrutura, evitando o surgimento de pontos críticos. Graças à triangulação da geometria, a maioria das conexões suporta apenas esforços axiais e cortantes .

A estrutura principal de sustentação das placas é formada por suportes retos, que nascem tanto do perímetro dos pavimentos quanto do nível de acesso, sobre os quais descansam vigas curvas (em uma só direção) do tipo HEA/HEB. Já a estrutura secundária é composta por perfis "T" galvanizados - unidos por parafusos de alta resistência e retos em sua grande maioria -, que vão regulando a superfície final. Sobre eles foram dispostos tubos curvos galvanizados de 30 milímetros de diâmetro, separados 50 centímetros entre si, que definiram o plano curvo definitivo, e sobre os quais foram colocadas as platibandas que permitiram rebitar com certa folga as chapas de aço inoxidável ou de titânio colorido. Isso evitou estragos nas placas, o que certamente ocorreria caso a instalação tivesse sido feita diretamente sobre o tubo.

O extenso programa foi organizado, desde o início, em dois blocos unidos por uma passarela de aço e vidro. O volume principal, com 2.780 metros quadrados de área e 26 metros de altura, está implantado no eixo do complexo. Seu projeto obedece a uma composição de quatro prismas inclinados, que flutuam sobre o solo graças a três grandes colunas de 16,5 metros de altura, responsáveis pela sustentação de toda a construção. Elas saem de uma profundidade de oito metros no subsolo, ocupado pela nova garrafaria e pela administração da adega. Devido a sua estrutura piramidal, as lajes de piso, de formatos muito irregulares e distintos, vão sendo reduzidas à medida que o edifício se ergue. A elevação em relação ao solo permite que os quatro pavimentos - interligados por elevador panorâmico - tenham vista para os vinhedos, o povoado de Elciego, a igreja e as montanhas da serra de Cantabria.

O acesso ao edifício principal encontra-se circundado pelos vinhedos do entorno. O primeiro andar é ocupado por 14 dos 43 apartamentos do hotel, cujo mobiliário foi igualmente projetado por Gehry. O restaurante ocupa o segundo pavimento e a área de estar, o terceiro, enquanto o último piso configura-se como terraço. O anexo, com área de 3.700 metros quadrados, abriga o spa e os demais apartamentos.

Como no projeto do Guggenheim, o arquiteto desenvolveu para a fachada do hotel uma expressiva pele composta de painéis de titânio colorido e de aço inoxidável espelhado (lâminas de 1 x 2 metros, com um milímetro de espessura, dobradas em forma de escamas e fixadas aos tubos metálicos através de rebites de aço inox), com forma de cascatas ou de asas onduladas. Essa cobertura envolve os cubos geométricos de pedra que compõem a edificação. A complexa estrutura impede a incidência direta da luminosidade intensa da região e demarca a paisagem a partir de cada uma das várias varandas do edifício. O colorido das chapas reflete , sob a luz solar, as tonalidades presentes nas garrafas do vinho da Marqués de Riscal: rosa (da bebida), ouro (da malha que cobre o recipiente) e prata (das cápsulas que envolvem o gargalo).

As fachadas retas receberam revestimento de arenito, com a mesma tonalidade da arquitetura vernacular regional . No total, há mais de mil metros quadrados de terraços, todos de formatos diferentes - retangulares, triangulares, trapezoidais -, com complexas orientações e inclinações. As janelas receberam carpintaria mista, com alma de aço galvanizado, marcos de alumínio e revestimento de madeira.







Fonte: https://arcoweb.com.br

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