O novo hotel foi apelidado de “a pior vista do mundo”
Belém, Cisjordânia – Sob uma torre de vigilância do Exército e diante do muro de concreto que
Israel construiu em partes da Cisjordânia ocupada, o artista de rua
Banksy abriu uma hospedaria na cidade palestina de Belém.
Situado na reverenciada cidade-natal de Jesus, o hotel
Walled Off (Emparedado) de três andares tem as paredes dos quartos e os corredores decorados com os grafites do artista misterioso.
O hotel, que era uma olaria, foi convertido para se parecer com “um
clube inglês de cavalheiros dos tempos coloniais”, informou um
comunicado de Banksy, apontando para o papel histórico que o Reino Unido
desempenhou no
Oriente Médio.
Mas a decoração foi apimentada por estátuas sufocando com gás
lacrimogêneo, querubins dependurados do teto com os rostos cobertos por
máscaras de gás e pinturas a óleo de coletes salva-vidas de refugiados
encalhados na praia.
O estabelecimento foi montado em segredo ao longo dos últimos 14
meses – as autoridades militares israelenses da Cisjordânia não
responderam de imediato ao serem indagadas se tiveram conhecimento da
obra antecipadamente.
Banksy, cujo nome verdadeiro é desconhecido, disse que sua hospedaria
é dotada da pior vista de qualquer hotel do mundo: todos os quartos dão
vista para a barreira que simboliza a opressão dos palestinos.
Israel começou a erguê-la em 2002, no auge de um levante palestino
durante o qual cidades do Estado judeu foram abaladas por ataques
frequentes de homens-bomba palestinos.
Os palestinos o apelidaram de
“muro do apartheid”
e o viram como uma tentativa israelense de ocupar territórios na
Cisjordânia, que querem para um futuro Estado juntamente com Gaza e
Jerusalém Oriental.
O
comunicado de Banksy
informou que o hotel “oferece uma acolhida calorosa a pessoas de todos
os lados do conflito e de todo o mundo” e que foi financiado pelo
artista.
Uma música suave emanando de uma pianola preenche o espaço iluminado
por velas, onde uma imagem enquadrada de Jesus observa três aviões de
guerra grafitados no papel de parede acima.
O hotel ainda conta com sua própria galeria de arte e de exibições,
dedicada unicamente ao muro, com contribuições de palestinos e
israelenses.